Ah Cardoso, que saudade de você...
Existe toda uma classe de pessoas que vivem no passado. Algumas versões que vivem de lembranças como um desenho animado que converte o humor em xingamentos. Comparações errôneas do quanto o passado era melhor que o presente.
Eu gostaria de ser como eles, gostaria mesmo. Queria poder dizer que as manchas de manteiga espalhadas na cama era melhor que o cheiro de lençóis novos e sexo selvagem dos tempos atuais.
Queria ter a cara de pau desse pessoal, a visão seletiva de mundo que considera aquelas noites de nutella com aparência de barro fofo melhores, pois era divertido e apenas engordava.
Queria ser saudosista e dizer que assistir domingo legal com sua mãe enquanto trocava carícias por baixo da coberta do Star Trek eram melhores que cair na night e transar sem pudor em qualquer beco escuro e sujo.
Queria poder dizer que comprar revistas pornográficas e esconder da sua mãe era emocionante, mesmo com a pornografia a um click de distância. Mas não consigo, pois nada é tão emocionante que fazer sexo oral para um estranho enquanto ele dirige seu carro em alta velocidade na vida real e não no GTA.
Queria poder dizer que meu mundo era pacífico, mas agüentar a dona Vera fazendo escândalos quando você dormia após às 22h, faz hoje qualquer conflito no oriente parecer briga de criança.
Queria poder dizer que comprar revistas pornográficas e esconder da sua mãe era emocionante, mesmo com a pornografia a um click de distância. Mas não consigo, pois nada é tão emocionante que fazer sexo oral para um estranho enquanto ele dirige seu carro em alta velocidade na vida real e não no GTA
Queria poder dizer que sinto falta de nossa música, mas som de lightsaber, videogames e a abertura de House não chega a ser uma trilha sonora memorável. As músicas se tornaram descartáveis e foram esquecidas, assim como meu sentimento por você.
Queria poder dizer que te ver pelado me dava satisfação como as brisas frescas e cheiro de orvalho logo cedo após viajar por horas com os amigos para um sítio. Finais de semana inesquecíveis, diferente daqueles onde você se vangloriava de seus recordes no Gunbound.
Queria poder dizer que te ter e não te querer, é improvável é impossível, te ter e ter que esquecer, insuportável a dor incrível...
